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NAS POSTAGENS A SEGUIR, EXPERIÊNCIAS DE VIAGENS, DICAS DE LUGARES INTERESSANTES, NOSSAS PESQUISAS E OBJETOS

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Kabura : Anchova , Saquê e Aviões de Guerra de madrugada





Não são muitos os restaurantes japoneses que fecham tarde em São Paulo, mas o "Kabura" , na rua Galvão Bueno, 346, Liberdade ( mapa ) , tel. 11- 3277-2918, é um bom lugar para se jantar bem tarde.Desde 1984 os irmãos Hitoshi e Satoshi Tanji mantêm esse lugar especial e interessante.Um dia tivemos a sorte de ver um deles sentado à mesa, e projetando sua própria faca para sashimi , num desenho minucioso.








Sobe-se uma escadinha ( repare no cantinho esquerdo onde há sempre um montinho de sal ritual ), uma entrada discreta, pouca luz, e lá dentro um ambiente de madeira maciça escura, fumaça e cheiro bom de brasas, um mapa antigo de Tokio, lanternas amareladas,objetos tradicionais japoneses, dá para se imaginar numa ruela antiga do Japão antigo.




Tem bons sushis,sashimis ( que podem ser pedidos em pequenas porções de 4 fatias , que eles chamam de 'carreiras' ), como os da imagem acima ( Buri e Ouriço, com uma folha fresca de Shissô ), ostras, um cardápio extenso.





Mas o que eles tem de melhor é produzido na brasa . Cogumelos vários, lulas ( inclusive uma enorme da Patagônia ), legumes, frutos do mar , uma grande variedade, tudo feito com uma técnica impecável, servidos no ponto exato, macios, levemente queimadinhos...







Na imagem acima, uma grande meia-anchova vinda da brasa e servida com nabo ralado, com uma crosta de sal. A carne é branquíssima, quase um creme, deliciosa, sempre.





Sempre que vamos lá, chama atenção, na área de trabalho em frente ao grande balcão em "L", um quadro amarelado com um avião japonês da Segunda Grande Guerra , o "Zero".





O "Zero", nessa época foi fabricado pela Mitsubishi , com seus mais de 1000 HP , voando a 565 Km/h ,equipado com duas metralhadoras e dois pequenos canhões, e carregando 60 Kg de bombas sob as asas , com apenas 9 metros de comprimento era uma pequena,rápida,eficiente e terrível máquina.Até o final da Segunda Guerra foram fabricados mais de 10.000 Zeros , os ultimos adaptados para serem pilotados pelos Kamikazes.



Com esse quadro do "Zero" na parede do Kabura, achamos que era um bom momento de comer uma anchova na brasa, bebendo saquê numa taça militar da época.Nada à favor das guerras, apenas admiração por uma certa estética funcional das máquinas e apetrechos militares.Sempre achei que em vez dos horrores das guerras e disputas entre países e religiões, tudo deveria ser resolvido na base do "Par ou Ímpar".




Essas pequenas taças militares de saquê surgiram no fim do século XIX e continuaram sendo fabricadas aos milhares principalmente no início do século XX , quando o Japão se envolveu com guerras com a China e a Rússia , e continuaram sendo produzidas até a II Guerra.

São objetos para comemorações, rituais de vitória, condecorações, lembranças de conquistas.Eram presentes para os soldados , mas também a população comprava em lojas como objetos de lembrança.Foram fabricadas principalmente em porcelana ( mas também em madeira laqueada, prata , acetato...), sempre pintadas à mão com motivos que misturavam bandeiras, metralhadoras, estrelas militares, poemas, flores de cerejeira.Muitas tem escrito à mão o nome do soldado, além de representar áreas militares ( Marinha, Ferrovias, Médicos, Aviação,Cavalaria...)

São objetos curiosos, cada uma diferente da outra, cada uma contando uma pequena história, quase um quadrinho de uma História em Quadrinhos.Interessantemente contraditório imaginar soldados no meio de uma guerra bebendo saquê em delicadas taças de porcelana com fuzis e flores de cerejeira pintadas à mão.


No Estudio Manus temos uma pequena coleção dessas taças de saquê antigas ( imagens abaixo):










Um comentário :

Tá Bem Bom disse...

Este bairro de São Paulo é realmente incrível quanto mais se fuça mais se acha coisas interessantes que moldam a cultura paulistana, parabéns por estas e outras maravilhosas descobertas.

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